Musas e verdades. E tudo aquilo que é verdade demais, é muito.
Protopoemas, versos e mentiras.
Certa vez uma Musa me disse: eu odeio você.
Desde então, tenho uma certeza, como quem tem gastrite:
Não sou só eu que me despedaço.
Não há Musa que não saiba a dor e a delícia de roubar a insônia vã por delírios verdes e oleosos.
Outra Musa, inspiradíssima, como se fosse a própria obra, um totem, dizia: acredita em mim.
Dizia isso ao propor que frente a mim, nua, não assim o estivesse. Como se possível fosse, para mim, pinta-lá negando a transparência da carne em fúria.
Daí, uma nova certeza: todas as Musas amaram suas telas, uma vez que estando nelas, do lado de fora, se viram como não ousaram a se repetir.
A verdade insólita é que Musa nenhuma, como uma outra – e tantas foram - criou nada.Sendo Musas, todas roubaram-me o traço, o nome e a glória.Foram vis e deliciosas. Foram riso e letargia. Foram vinhos. Muitos vinhos.
O vinho é a bebida das Musas.
Mini-Prólogo
Bom, eu gosto de morar em lugar com sol.
Não gosto muito de chuva. Só daquelas geladas rápidas.
Gosto de acordar e dançar, vestir, tirar, vestir, tirar. Gosto de chocolate, leite condensado, cerveja e uísque. Cigarro, muito cigarro.
Gosto de ouvir música enquanto ando. Não gosto muito de andar.
Gosto de boteco, de presunto, de rir alto, de novela, de gente bonita e caipirinha. Óculos escuros.
Gosto de falar, mas ouvir tem sido menos cansativo.
Gosto de dormir tardíssimo, e adoro dormir.
Adoro dar um tiro e seguir a bala.
Sonata para piano “Moonlight” (1° movimento) de Beethoven
Das coisas que não são!
oceano escuro, revolto e deserto, vislumbra-se no horizonte a orla no fim de tarde de um domingo nublado.
Tempo e tempo atrás, sempre para trás. O tempo corre pra trás.
O que virá?
O que virá não é.
Só o tempo é.
O que virá: são.
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